quinta-feira, 15 de setembro de 2011

O paisagismo de Burle Marx no TCU

O paisagismo de Burle Marx no TCU
Sete obras em Brasília foram tombadas. Os jardins do Tribunal de Contas da União estão entre elas.

Com um projeto original os jardins do Tribunal de Contas da União juntam-se a outras 06 obras do paisagista Roberto Burle Marx no tombamento histórico assinado em julho pelo governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz. Os jardins tombados pertencem à Superquadra 308 Sul, ao Palácio do Itamaraty, à Praça dos Cristais, ao Palácio da Justiça, ao Teatro Nacional Cláudio Santoro, ao Parque da Cidade e ao Tribunal de Contas da União.
Jardim interno do Tribunal de Contas da União

A identidade do TCU está intimamente ligada ao zelo pela coisa pública e há cerca de cinco anos, o Serviço de Conservação, Limpeza e Cooperagem (SECOP) trabalha pela preservação do projeto original de Burle Marx nos jardins da Casa. “As plantas originais, nativas do cerrado, foram substituídas por outras espécies e a proposta de Burle Marx foi se perdendo. Quando percebemos esse processo, contatamos um engenheiro agrônomo e juntos desenvolvemos o projeto de revitalização e preservação”, explica Regina Lúcia, técnica de finanças da SECOP e servidora do TCU há 26 anos.
 Para o professor e historiador do Museu TCU, Glauber de Lima, manter a primeira proposta paisagística para os jardins é importante. “O TCU vem realizando um belo papel na restauração e preservação dos jardins. Dessa forma, ele repercute em sua própria prática o trabalho de cuidar da coisa pública. É uma postura louvável e uma coisa excelente para a imagem da Casa”, afirma.
Burle Marx tinha a particularidade de se utilizar de plantas nativas da região em que construía suas obras. Hoje, os jardins estão praticamente todos revitalizados com as espécies típicas do cerrado, mas o trabalho não foi fácil. São aproximadamente 42.438,52 m² de área, e além dos jardins é preciso cuidar do viveiro, que há mais de dez anos recupera plantas distribuídas pelas salas do TCU, e da composteira, onde são depositados os resíduos vegetais para a produção de adubo.

Regina e Patrick são os responsáveis
pela manutenção do projeto original.

Um dos 14 funcionários responsáveis pela manutenção é Patrick Moisés, encarregado da área de jardinagem que está no TCU há cinco anos. “A rotina começa logo cedo com a irrigação. À tarde são realizadas a limpeza e a poda”, explica. Sobre o trabalho de preservação ele conta: “Já plantaram até um pé de abacate e outro de jaca. Tivemos que retirar pela questão do projeto paisagístico, e, principalmente, porque as espécies estavam causando danos à estrutura do TCU”. Regina completa: “As pessoas não gostaram da decisão da derrubada, mas aos poucos fomos explicando a existência do projeto de revitalização e a importância de manter a proposta original”.
Patrick afirma que Burle Marx fez história e que o TCU está disponibilizando tempo e material para recuperá-la nas instalações da Casa. “Acho uma grande honra poder participar deste projeto. Preservar esses jardins é muito importante. Se conseguirmos deixar tudo de acordo com a proposta original, será uma vitória”, afirma. Glauber acredita que o paisagismo de Burle Marx engrandece o Tribunal: “O paisagista tem renome internacional. É uma honra abrigar um jardim que é, literalmente, uma obra de arte”. Para Regina, é um cartão de visitas: “É gratificante! Toda vez que chegamos ao TCU vemos as plantas florescendo e o jardim cuidado. As pessoas admiram. Chegam os visitantes do Programa Educativo e observam os jardins, os peixes, e isso é natureza. É um trabalho que o TCU está fazendo e que precisa ser reconhecido”.

Programa Educativo
Uma das atividades realizadas pelo Museu TCU, o Programa Educativo, inclui os jardins do edifício sede no roteiro das visitações. “O programa educativo trata de maneira bem didática a relação com os jardins de Burle Marx. As plantas daqui são típicas do cerrado. Isso levanta duas questões: a necessidade de preservar a mata nativa e recriar o paradigma da beleza, mostrando o que há de belo nas espécies do cerrado”, explica Glauber.
Voltado às visitações de escolas públicas e particulares do DF, o PE visa facilitar o entendimento do Tribunal junto à sociedade. Com uma didática apropriada ao grau de escolaridade e faixa etária dos alunos, o Programa Educativo reforça a importância desta Corte de Contas por meio das monitorias realizadas durante a visitação.

Burle Marx e Brasília
Nascido em 1909, o paulista Roberto Burle Marx morreu aos 82 anos no Rio de Janeiro. O artista plástico conquistou renome internacional pelo trabalho realizado como arquiteto-paisagista. A arquitetura, a topografia, o meio ambiente e diversos jardins e praças do Brasil e do mundo foram considerados na concepção do paisagismo de Burle Marx para Brasília. Adepto ao uso da vegetação nativa em seus projetos, Burle Marx criou para a capital jardins ricos em simetria, sempre valorizando a combinação de texturas e cores do cerrado que se misturam à arquitetura moderna da cidade.



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